Nunca quis ser empreendedora ou empresária.
Nunca quis ter, não sei quantas pessoas, a trabalhar comigo ou gerir redes sociais de grandes empresas nacionais.
Nunca quis ter esta responsabilidade.
Mas a vida aconteceu e foi-se moldando para que tudo isto acontecesse. Se por um lado sou extremamente feliz e grata pelo que faço, por outro, há imensos dias que me sinto completamente assoberbada.
Não é fácil lidar com o dia a dia de uma empresa. Eu, que sou a pessoa do marketing e da estratégia, preciso também de ser a líder de quem trabalha comigo. O empreendedorismo é solitário, principalmente quando somos um bombeiro dentro do nosso próprio negócio.
Quantas vezes tiveste de parar para resolver um problema? Quantas vezes trabalhaste mais de 12h para conseguir ter tudo feito? Quantas vezes te questionaste se ter o teu negócio valia realmente a pena? Quantas vezes te prejudicaste para não prejudicar quem trabalha contigo?
Neste último ponto, admito que já o fiz imensas vezes. Colocava sempre quem trabalha comigo em primeiro lugar. Mas resolvi parar com isso. Pode parecer contraproducente, mas disseram-me algumas coisas que me fizeram mudar de perspetiva:
- “Um negócio foi desenvolvido para dar dinheiro”.
- “Se tu não estiveres bem, como vais conseguir que os outros à tua volta estejam bem?”
- “Se as coisas correrem mal, quem trabalha contigo vai ser penalizado em primeiro lugar”
Isto fez-me pensar…
… e ao pensar, despedi a primeira pessoa dentro da equipa. Não foi fácil. Mas foi necessário.
Nessa altura comecei a planear o que queria do negócio. Com quem queria trabalhar. Que tipo de serviços queria prestar. E ao pensar… despedi outra pessoa. Foi mais fácil que a primeira. Afinal, coloquei o meu negócio em primeiro lugar.
Lições que a vida de empreendedora me deu
Ter uma empresa de prestação de serviços – a FindUp – fez-me perceber muita coisa. Há lições que a vida me foi dando ao longo dos tempos.
Umas de forma mais gentil, outras na forma de um camião TIR a passar-me por cima. Todas elas me ensinaram algo. Mais que não seja, ensinaram-me a não repetir a borrada que tinha feito anteriormente.
Deves estar a pensar porque raio resolvi partilhar este texto sobre empreendedorismo aqui. Poderia dizer que é porque a FindUp também tem uma conotação voltada para os negócios. Podia dizer que acho importante desmistificar várias coisas.
Mas a verdade? Foi pura e simplesmente porque me apeteceu. A mim, Filipa!
Acordei hoje de manhã e senti que precisava de escrever sobre isto.
Que precisava de te mostrar que não estás sozinha. Que a vida de empreendedora é solitária, mas ainda assim todas passamos, mais ou menos, pelo mesmo. As dificuldades de crescimento são similares para todas nós.
Então quis partilhar contigo algumas das lições que a vida e as formações que faço me deram.
1 – Nada disto é fácil…
Se alguém te disser que ser empreendedora é fácil, ignora! Nada disto é fácil. É toda uma montanha-russa de emoções.
Um dia podes estar super feliz com o que fazes, no dia seguinte parece que tudo desmoronou.
Lembro-me de no início, quando me despedi da empresa onde trabalhava em 2017, os meus amigos me dizerem que podia “ir de férias quando quisesse” ou “agora podes trabalhar na praia”.
Mal sabiam eles (e eu) que ia passar os 4 anos seguintes sem ter férias. Fins-de-semana. Feriados.
E, a verdade, é que ao longo da jornada que está quase a completar 10 anos, já pensei desistir muitas vezes. Dia sim, dia não. Às vezes várias vezes no mesmo dia.
Tenho a sorte de ter o apoio da pessoa com quem divido a vida. Mas ainda assim, há dias que só a resiliência me safa de fechar os negócios todos e seguir a minha vida noutra empresa. Neste momento, iria com toda a certeza ganhar mais do que ganho.
2 – … mas vale verdadeiramente a pena
Mas, tenho 500% de certeza que não ia ser tão feliz.
Se há algo que aprendi ao longo dos anos é que quando os nossos sacrifícios dão resultados, a felicidade que nos inunda não tem preço.
Cada dia é uma superação. Uma conquista. Uma vontade enorme de lutar e ter sucesso. Há dias que conseguimos. Há dias que não. E está tudo bem, porque aquilo que precisamos é de ter equilíbrio.
Desde muito cedo fiz algo que tenho incutido na minha equipa.
Tenho noção do tempo médio que demoro a fazer determinada tarefa. E, conhecendo-me como conheço, sei que há dias que simplesmente as coisas não fluem como deviam.
Percebi que nesses dias, o melhor era parar e descansar um bocado. Não fazer nada. Passear o cão. Ver um episódio de uma série a meio do dia. Sair para almoçar com amigos sem hora para voltar.
Pode parecer contraproducente, mas a verdade é que quando trabalhamos numa área criativa, é importante parar. Sou apologista que mais vale “perder” uma tarde do que estar uma tarde inteira a trabalhar, com zero produtividade, só para cumprir calendário.
Sei bem que nem todas as pessoas têm esta liberdade devido às suas áreas de negócio. Mas, se tu que estás a ler isto tens essa possibilidade, segue o meu conselho. Vais ver que vale a pena.
3 – Rodeia-te de pessoas que valham a pena
Dizem que somos a média das 5 pessoas com quem mais convivemos. Acredito piamente que isso é verdade. Tal como acredito que os livros que lemos nos moldam. Assim como os filmes e séries que vemos ou a música que ouvimos.
Numa das pancadas que a vida me deu, descobri que talvez as pessoas mais importantes sejam aquelas com quem trabalhas. A tua equipa.
Se não estão todos alinhados e com o mesmo objetivo e energia, as coisas não fluem. Se tu não estiveres 100% confortável com as pessoas com quem trabalhas, vais, de alguma forma, bloquear o teu próprio sucesso.
E as pessoas que são as certas em determinado momento do negócio, podem deixar de o ser noutro momento. Está tudo bem.
Se tiveres de despedir alguém, fá-lo. Pensa sempre que a primeira pessoa para quem o negócio precisa de ser lucrativo, é para ti. Tu que estás ali a construir pedra por pedra, com sangue, suor e lágrimas. Tu tens de estar bem. Confortável. Feliz. Se não o estiveres, isso vai-se manifestar no negócio. De uma forma ou de outra.
Então se tiveres de tirar alguém para que as coisas fluam, fá-lo. Acredita quando te digo que apesar de não ser fácil ou agradável, tem de ser feito.
4 – Um negócio foi feito para dar dinheiro
E para um negócio dar dinheiro, tu tens de vender.
Sempre disse que tenho pouco jeito para vender. No entanto, numa palestra da Ana Cristina Rosa levei uma chapada de luva branca.
Ela começou por dizer que somos todos excelentes vendedores. Desde que a transação não envolva dinheiro. Se envolver dinheiro, ficamos todos com medo de vender.
E ela continua “ora pensa, quantas vezes defendeste a tua ideia perante todas as outras pessoas. Estás a vender. Mas aquilo que vais ganhar é uma discussão.”
E isso fez-me pensar. A minha equipa tem evoluído imenso ao longo dos anos. Somos bons naquilo que fazemos. Modéstia à parte. Então, por que é que tenho a ideia que sou má vendedora ou que tenho de praticar preços mais baixos para ter sucesso?
Olhando para trás acho que foi por ter trabalhado tanto tempo em telemarketing. Não gostava daquela forma de vender. Ligar às pessoas. Ser invasiva. Forçá-las a marcar uma reunião para lhes vender alguma coisa. Ainda hoje não adoro fazê-lo. Mas é necessário para o sucesso do negócio.
Se o teu produto ou serviço é bom, apropria-te da máxima “Vender é servir”.
Estas são apenas 4 das muitas lições que aprendi como empreendedora. Espero que de alguma forma a minha partilha te ajude a quebrar algumas crenças.
Por aqui falamos sobre marketing, negócios, estratégia! E, às vezes, quando sentir que é importante, falamos sobre isto. Empreendedorismo!
Filipa,